Estrada de Ferro D. Pedro II, Cristiano Otoni e o escravismo envergonhado (1852-1865)
DOI:
https://doi.org/10.5281/zenodo.14969392Palavras-chave:
ferrovia, Cristiano Otoni, segunda escravidãoResumo
O âmbito da construção da Estrada de Ferro Dom Pedro II configurou-se como um canteiro de obras para a modernização viária do Império. Nas questões do debate público e do nível do discurso de estado e empresarial (neste caso confundidos como uma mesma instância), a omissão de certas informações foi uma ferramenta sistematicamente utilizada. Ao ser construída em ambiente de conflito entre os modelos britânico e americano, a ferrovia da Corte trocou os primeiros pelos segundos, sob a intervenção de Cristiano Benedito Otoni, presidente da Companhia Estrada de Ferro Dom Pedro II. Ao utilizar de justificativas puramente técnicas e morais, Otoni omite as razões sociais para a troca de paradigma técnico-construtivo. Propomos que o contexto entre as décadas de 1850 e 1860, portanto entre 1831 e 1888, de forte apelo internacional – sobretudo britânico – para a abolição dos escravismos americanos, configura-se por tentativas de apagamento do uso de mão de obra escrava nas obras da EFDPII sob a direção técnica e tecnológica de engenheiros da Virgínia, capital dos estados confederados (1861-1865) contemporaneamente à edificação da linha da serra entre Belém (Japeri) e Barra do Piraí (1859-1865).