Representações da escravidão nas narrativas orais e escritas de Pedro Braga

Resumo

Este artigo tem como objetivo analisar como a escravidão é representada nas memórias narradas por Pedro Cordeiro Braga (1917-2000). Ele viveu em uma comunidade marcada pela exploração da mineração e pelos vestígios da escravidão, e, em suas narrativas, os escravizados são colocados como protagonistas, figuras centrais de sofrimento, resistência e ação. O artigo explora a relevância da história oral na preservação das memórias de comunidades marginalizadas, com foco especial nas memórias guardadas pelo sr. Pedro, que foi um contador de histórias que preservou memórias que lhe foram transmitidas, não só contando-as mas, mesmo com baixa escolaridade formal, também escrevendo-as em diversos cadernos (escritos entre o ano 1988 e 1997). A análise teórica passa por autores como Portelli e Catroga, que tratam da diferença entre memória e história, mostrando como Braga, ao registrar suas narrativas, misturou história e imaginação, revelando a importância dessas histórias para a construção da identidade coletiva do Vau. O trabalho de Braga se destaca pela mescla de oralidade e escrita, criando um "entrelugar" entre essas duas formas de preservação da memória. Além disso, o artigo demonstra como a história dos escravizados permanece viva nas memórias e nas tradições da região.